Psicólogos e pacientes podem ser amigos?


Psicólogos e pacientes podem ser amigos?

Existem casos que a relação Terapêutica ultrapassa o Setting.

No entanto, não devemos confundir Relação amigável com Amizade.

São coisas distintas.
Psicólogos e pacientes podem ser amigos?

Quais os limites da relação terapêutica?

Questões delicadas.

Mas que merecem esclarecimentos.

Neste artigo você vai compreender os principais pontos chaves:

Nós, Psicólogos, podemos ser amigos de nossos pacientes?

No sentindo estrito da palavra, amizade significa:

Amizade é a relação afetiva entre os indivíduos. É o relacionamento que as pessoas têm de afeto e carinho por outra, que possuem um sentimento de lealdade, proteção etc.

Psicólogos e Pacientes podem ser amigos?

O Psicólogo está mais próximo de ser um "professor" do que ser um "amigo".

Considerando o pressuposto acima, o Psicólogo deve manter com seu paciente um relacionamento AMISTOSO e CORDIAL, pautado pelo respeito, pela ética, pela coerência e pelos bons princípios, conforme salienta nosso código de ética profissional do Psicólogo.

“Art. 2º – Ao psicólogo é vedado:j) Estabelecer com a pessoa atendida, familiar ou terceiro, que tenha vínculo com o atendido, relação que possa interferir negativamente nos objetivos do serviço prestado; ” – Código de Ética Profissional do Psicólogo.


Logo:

Devemos observar que o Psicólogo é um profissional, cujo olhar sobre o problema do paciente é mais técnico e isso exige um foco impessoal, o que não é compatível com uma relação de amizade, embora a cordialidade, a simpatia e a boa educação devam estar sempre presentes.

O comportamento amigável do Psicólogo.

O Psicólogo pode ter um comportamento amigável com seu paciente, desde que isto não interfira na relação terapêutica.

Por exemplo: O Psicólogo certamente não vai acompanhar o paciente em um velório, mas vai acolher a dor do paciente que perdeu alguém.

Neste momento doloroso, às vezes cabe um abraço de condolências, sem que isso signifique um estreitamento da relação.

O que um Psicólogo pode fazer.

Psicólogos devem manter uma postura profissional e imparcial durante as sessões de Psicoterapia.

Eles devem estar disponíveis para ouvir e apoiar o paciente, sem julgamentos ou opiniões pessoais que possam interferir no processo terapêutico.

O compartilhamento de episódios da vida pessoal do psicólogo pode ocorrer, desde que seja relevante para ajudar o paciente ou aumentar a credibilidade da abordagem terapêutica.

Ideologias e convicções pessoais podem ser compartilhadas em circunstâncias pontuais, com sensibilidade e discernimento do psicólogo.

Psicólogos podem emitir opiniões pertinentes ao que o paciente está trazendo, desde que estejam dentro do contexto terapêutico.

A reflexão e análise sobre a situação do paciente são incentivadas, buscando relacionar os assuntos abordados à demanda pessoal do paciente.

A ética, educação, cidadania, justiça e valores pessoais podem ser discutidos, desde que estejam relacionados ao processo terapêutico.

Psicólogos podem compartilhar informações e dicas relacionadas à formação, Experiência profissional e questões práticas que possam ser úteis ao paciente.

A orientação do psicólogo deve estar centrada no bem-estar e no desenvolvimento do paciente, visando auxiliá-lo a alcançar seus objetivos terapêuticos.

O foco principal do psicólogo é oferecer suporte emocional, promover autoconhecimento, auxiliar na resolução de problemas e fornecer ferramentas para o crescimento pessoal do paciente.

Por exemplo: Muitos pacientes perguntam minha opinião pessoal sobre a COVID-19.

Eu me sinto confortável para falar sobre o que penso, de que forma isto causa impactos emocionais e compartilhar esperanças de que a vacina possa trazer benefícios, mas SEMPRE aproveito para devolver a pergunta ao paciente e vincular o assunto à sua demanda pessoal (ou seja, voltar para a queixa), levando a uma reflexão e análise mais ampla sobre a situação.

O que o Psicólogo não pode fazer.

O psicoterapeuta não pode estabelecer relacionamentos pessoais ou íntimos com o paciente além do ambiente terapêutico.

Ele não pode realizar qualquer tipo de contato físico inadequado ou não profissional com o paciente.
O psicólogo não pode estabelecer relacionamentos pessoais ou amorosos com o paciente.

Ele não pode compartilhar informações pessoais excessivas ou irrelevantes sobre sua vida pessoal.

O psicólogo não deve invadir a privacidade do paciente fora das sessões de terapia.

Ele não pode utilizar apelidos carinhosos ou informais ao se referir ao paciente.

O psicólogo não deve realizar contato físico inapropriado ou que possa ser interpretado como íntimo.

Ele não pode expressar preferências pessoais ou julgamentos de valor que possam criar uma sensação de intimidade inadequada.

O psicólogo não deve buscar ou aceitar relacionamentos sociais com familiares, amigos ou conhecidos do paciente que possam comprometer a imparcialidade e a confidencialidade.

Ele não deve compartilhar informações pessoais do paciente com terceiros, a menos que haja risco iminente para a segurança do paciente ou de outras pessoas.

O psicólogo não deve enviar mensagens de natureza pessoal ou iniciar conversas fora do contexto terapêutico, a menos que seja estritamente necessário para o andamento do tratamento.

Ao participar de atividades sociais com o paciente, como sair para almoçar ou participar de eventos sociais, deve manter uma postura de cordialidade e distanciamento coerente.

Psicólogo pode chorar na frente de um paciente?

Poder, pode. Mas não deve, pois isto pode comprometer o bom andamento do processo terapêutico e deixar o paciente desconfortável.

Embora seja possível para um psicólogo chorar na frente de um paciente, é geralmente recomendado que evitem fazê-lo, pois pode impactar negativamente o andamento do processo terapêutico e causar desconforto ao paciente.

Em vez disso, se um psicólogo se encontrar em um estado emocional muito fragilizado durante uma sessão, é aconselhável que eles peçam licença ao paciente e encontrem um momento e local adequados para expressar suas emoções, de forma discreta e respeitando os limites profissionais.

É importante lembrar que a terapia é um espaço destinado ao bem-estar e crescimento do paciente, e o foco principal deve estar em suas necessidades. O psicólogo é um facilitador do processo, e sua função é oferecer suporte e orientação, mantendo uma postura profissional e imparcial.

O Psicólogo pode se alimentar na presença do paciente?

Pode, mas não deve.

Aqui, depende muito do tipo de alimento. Se forem pequenas guloseimas como biscoitinhos que acompanham um café ou um chá, é de bom tom que ofereça também ao paciente.

O critério aqui é o tipo de alimento e o desconforto e a sujeira que causam durante o consumo.

Nada impede, no entanto, que o paciente se alimente durante a sessão de terapia.

Muitos pacientes meus saem do trabalho e chegam encima da hora pra consulta; as vezes, estão famintos e trazem um lanche pra consumir durante o atendimento. 

 Meu critério é deixá-lo a vontade durante 10 minutos para que se alimente adequadamente.

Psicólogos podem aceitar presentes de Paciente?

Em datas específicas, podem sim. E dependendo do tipo de presente também.

Geralmente, no Natal, e no Dia do Psicólogo, as pessoas costumam oferecer "lembrancinhas".

Não há nenhuma restrição em aceitar estas delicadezas, que na maioria das vezes, expressam a gratidão por um bom serviço prestado.

Indelicado seria recusar o presente, que na maioria das vezes, serve apenas para reforçar o quanto nosso trabalho é importante.

Naturalmente, tudo depende do contexto, e isto deve ser avaliado separadamente.

Por exemplo, se o presente for muito pessoal como roupas, sapatos, perfumes, pode ter um signficado diferente de uma agenda, um panetone, ou um livro.

Na dúvida, pergunte ao Psicólogo, o que ele pensa sobre isso.

Muitos Psicólogos aceitam presentes, e conseguem manter sua linha de trabalho normalmente, sem transpor a barreira profissional.



A Psicóloga pode se emocionar com o relato do paciente, MAS, deixar isso transparecer pode ser inadequado em algumas circunstâncias.

Ao manter uma distância emocional adequada, o psicólogo pode ajudar o paciente a se sentir seguro e confiante durante as sessões de terapia.

Se a psicóloga expressar suas próprias emoções, poderá impactar negativamente a capacidade do paciente de se abrir e compartilhar suas emoções e problemas.

No entanto, isso não significa que o psicólogo deva ser frio ou insensível.

É importante que o psicólogo mostre empatia e compreensão pelo paciente e suas emoções, sem permitir que suas próprias emoções interfiram no processo terapêutico.

Por isso, mesmo os psicólogos mais experientes devem fazer Psicoterapia, supervisão e cuidar da saúde mental vida pessoal, para consiga prestar um trabalho pautado pela excelência.

Psicólogos podem sim, abraçar alguns pacientes em algumas situações (desde que TODOS sintam-se confortáveis com isso).

Eu particularmente deixo esta iniciativa a critério dos pacientes. Mas confesso que são circunstâncias muito raras e pontuais.

Saiba o que esperar de uma psicóloga.

O que o Psicólogo espera do paciente?

O relacionamento entre o psicólogo e o paciente é uma parceria importante no processo terapêutico. Aqui estão 10 pontos que o psicólogo geralmente espera do paciente:

Comprometimento: Espera-se que o paciente esteja comprometido com o processo terapêutico, comparecendo às sessões regularmente e cumprindo as tarefas acordadas.

Honestidade: É importante que o paciente seja honesto e aberto durante as sessões, compartilhando seus pensamentos, emoções e experiências de forma sincera.

Autenticidade: O psicólogo espera que o paciente seja autêntico, sendo ele mesmo e expressando-se verdadeiramente, sem máscaras ou falsidades.

Colaboração: É fundamental que o paciente esteja disposto a colaborar com o psicólogo, trabalhando em conjunto para alcançar os objetivos terapêuticos estabelecidos.

Abertura ao autoconhecimento: Espera-se que o paciente esteja aberto a explorar e compreender melhor a si mesmo, suas emoções, pensamentos e comportamentos.

Disposição para mudança: O psicólogo espera que o paciente esteja disposto a considerar mudanças em sua vida, seja na forma como pensa, se relaciona ou age, a fim de promover seu bem-estar.

Respeito às regras terapêuticas: É importante que o paciente respeite as regras e os limites estabelecidos no contexto terapêutico, como horários, confidencialidade e respeito mútuo.

Responsabilidade pessoal: O psicólogo espera que o paciente assuma a responsabilidade por suas ações, escolhas e resultados, reconhecendo que é o protagonista de sua própria vida.

Abertura para feedback: É fundamental que o paciente esteja aberto a receber feedback construtivo do psicólogo, aceitando-o como uma oportunidade de crescimento e aprendizado.

Persistência e paciência: O processo terapêutico pode levar tempo e exigir persistência. O psicólogo espera que o paciente seja paciente consigo mesmo, confiando no processo e persistindo mesmo diante dos desafios que possam surgir.

É importante ressaltar que cada Psicóloga pode ter expectativas específicas, e o relacionamento terapêutico é único para cada paciente. Portanto, esses pontos podem variar dependendo do contexto e abordagem terapêutica adotada.

Em resumo, o psicólogo deve ser um facilitador neutro e objetivo, ajudando o paciente a explorar e compreender suas próprias emoções e pensamentos.

Concluindo:

A amizade entre psicólogos e pacientes é uma questão complexa e controversa.

Embora a empatia e a compreensão sejam aspectos importantes do trabalho de um psicólogo, há uma diferença fundamental entre a amizade e a relação terapêutica.

A relação entre o psicólogo e o paciente é baseada em uma dinâmica profissional, onde o psicólogo tem a responsabilidade de ajudar o paciente a lidar com seus problemas emocionais e psicológicos.

A amizade entre um psicólogo e um paciente pode ser vista como um conflito de interesses, uma vez que a amizade pode interferir na capacidade do psicólogo de fornecer um tratamento imparcial e objetivo.

Além disso, a amizade pode fazer com que o paciente se sinta menos confortável em compartilhar informações pessoais e vulneráveis ​​com o psicólogo, prejudicando assim o processo terapêutico.

No entanto, existem situações em que a linha entre a amizade e a relação terapêutica pode ser um pouco mais fluida.

Por exemplo, se uma psicóloga tem um paciente que também é um amigo pessoal, pode ser difícil para o psicólogo separar seus sentimentos pessoais de seus deveres profissionais.

Nesses casos, é importante que o psicólogo estabeleça limites claros para garantir que a relação permaneça profissional e que o tratamento do paciente não seja prejudicado.


Escrito por:

Psicóloga SP  Maristela Vallim Botari - CRP/SP 06-121677. 

Atende em uma Consultório de psicologia na Av. Paulista em São Paulo, e oferece tratamento para diversos tipos de questões emocionais, como ansiedade, depressão, problemas de relacionamento e questões familiares.


Psicóloga SP  Maristela Vallim Botari - CRP/SP 06-121677.

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